A UNIDADE POPULAR E AS GREVES

29 de novembro de 2023
Foto: Paulo Pinto/ Agência BrasilFoto: Paulo Pinto/ Agência Brasil

Ao contrário do que diz a mídia burguesa, saindo em defesa dos interesses da burguesia, as greves servem justamente para atender os interesses, não só da categoria paralisada, mas de toda a população, uma vez que a classe dominante historicamente tenta a todo custo degenerar e extinguir os direitos do povo pobre trabalhador.

Wildally Souza – Comunicação Nacional da Unidade Popular



Só no primeiro semestre de 2023, o Brasil somou mais de 558 greves em diversos estados, de acordo com o Sistema de Acompanhamento de Greves do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Vale destacar que 200 destas (37,5%) foram realizadas por trabalhadores do setor privado.
Um fato é que as greves servem como um instrumento de luta direta contra a precarização, escravização e opressão da classe trabalhadora, por atacar o sistema nervoso central do capitalismo – a lógica produtivista.

Alguns pensam ainda que as greves são ilegais, pensam que são “rebuliço”, “desordem” e “confusão” ou que os trabalhadores que a aderem são “vagabundos”. Contudo, no ordenamento brasileiro, essa forma de luta arvora-se como o principal meio de reivindicações dos trabalhadores diante da recusa do empregador à negociação coletiva ou outras formas de solução de conflitos. Consagrado constitucionalmente como direito dos trabalhadores no art. 9º da Carta Magna, encontra minuciosa regulamentação na Lei nº 7.783/89.

Os trabalhadores jamais obtiveram conquistas relevantes que não fossem por meio de greves, mobilizações e paralisações, sejam elas urbanas ou agrárias. Lembremos do que foi, por exemplo, a greve de 1917, iniciada em São Paulo e estendida para os quatro cantos do Brasil, em que operários e comerciantes pararam, entre junho e julho, toda a produção, reivindicando melhores condições de trabalho e aumento de salário e após 5 dias de paralisação geral, conquistaram vitória sobre suas demandas. Ou então a greve dos canavieiros em Pernambuco (1979) que aconteceu durante o mesmo período da greve dos metalúrgicos do ABC Paulista, que não teve tanta repercussão, porém significou um marco histórico na retomada da luta sindical nos campos após a forte repressão da ditadura fascista e empresarial no nordeste e em todo o Brasil. Enfim, historicamente, não só no Brasil mas em todo o mundo, os direitos minimamente conquistados pela classe trabalhadora, como o direito à férias, jornada de 8 horas de trabalho – antes grande parte era de 12h/15h/17h -, fundo de garantia e o auxílio desemprego, advém de muita luta, incluindo as greves.

Mas as greves, por emanarem da própria natureza da sociedade capitalista, significam o começo da luta da classe operária contra esta estrutura da sociedade. Quando operários despojados que agem individualmente enfrentam os potentados capitalistas, isso equivale à completa escravização dos operários. Quando, porém, estes operários desapossados se unem, a coisa muda. Não há riquezas que os capitalistas possam aproveitar se estes não encontram operários dispostos a trabalhar com os instrumentos e materiais dos capitalistas e a produzir novas riquezas. Quando os operários enfrentam sozinhos os patrões continuam sendo verdadeiros escravos, que trabalham eternamente para um estranho, por um pedaço de pão, como assalariados eternamente submissos e silenciosos. Mas quando os operários levantam juntos suas reivindicações e se negam a submeter-se a quem tem a bolsa de ouro, deixam então de ser escravos, convertem-se em homens e começam a exigir que seu trabalho não sirva somente para enriquecer a um punhado de parasitas, mas que permita aos trabalhadores viver como pessoas.”
(SOBRE AS GREVES, V. I. Lenin, 1889)

MAS POR QUE OS FASCISTAS ODEIAM TANTO AS GREVES?

Como escrevemos acima, às greves afetam diretamente o capitalismo, assim, sem os trabalhadores para produzir, os patrões não lucram. Os trabalhadores, por sua vez, experimentam durante a paralisação a importância da luta coletiva e entendem como os patrões se beneficiam de seu suor para garantir privilégios. Aprendem ainda como os seus direitos só podem ser garantidos com luta e que toda produção do mundo está sobre seus ombros fatigados pelas jornadas abusivas e exploradoras.

“As greves infundem sempre tal espanto aos capitalistas porque começam a fazer vacilar seu domínio (…) Cada greve lembra aos operários que sua situação não é desesperada e que não estão sós. Vejam que enorme influência exerce uma greve tanto sobre os grevistas como sobre os operários das fábricas vizinhas ou próximas, ou das fábricas do mesmo ramo industrial.” (SOBRE AS GREVES, V. I. Lenin, 1889)

Pois bem, todos os direitos reivindicados pelos trabalhadores durante uma greve resultam em uma ampliação das lutas populares, e paralisações vão se estendendo contra os patrões por toda parte, enquanto os trabalhadores tomam conhecimento de que suas mazelas estão conectadas diretamente ao lucro e grandes fortunas dos patrões.

A cada greve, as condições e a luta da classe trabalhadora de todos os países se tornam cada vez mais correlativas em diversos aspectos e o internacionalismo proletário cresce e desenvolve-se sobre as bases da organização coletiva, tendo um só objetivo, o poder popular e o socialismo.

Por outro lado vemos também a resistência e o medo de alguns dirigentes sindicais pelegos de colocar peso nas greves e paralisações, por temerem a tomada de seus cargos dirigidos de forma patronal, por aqueles que querem realmente transformar essa sociedade em um lugar livre da exploração.

A UP E O APOIO IRRESTRITO ÀS GREVES DOS TRABALHADORES

Ao contrário do que diz a mídia burguesa, saindo em defesa dos interesses da burguesia, as greves servem justamente para atender os interesses não só da categoria paralisada mas de toda a população, uma vez que a classe dominante historicamente tenta a todo custo degenerar e extinguir os direitos do povo pobre trabalhador.

A mídia tenta ainda colocar os trabalhadores contra sua própria classe quando anunciam que a reação desses é de insatisfação contra as reivindicações dos grevistas, mas basta irmos pras ruas que identificamos  que a repulsa verdadeira é contra as privatizações, as jornadas abusivas e os baixos salários. A população entende que a luta dos trabalhadores não é somente em benefício de sua própria categoria, mas para um melhor funcionamento das estruturas do país.

Por fim, vemos nesse último período um afunilamento da luta de classes em todo o mundo, que é mais uma demonstração das contradições desse sistema fátuo, que beneficia uma minoria em detrimento de todas as massas do povo.

A dialética da história nos apresenta uma classe sofrida e cansada de ser explorada. Por isso, a Unidade Popular, como o partido antifascista que é composto pelos trabalhadores de todas as partes do país e também do mundo, se soma na luta para democratizar os meios de produção e contra a exploração causada por uma minoria de bilionários sobre o povo brasileiro, pois só assim viveremos dignamente. Sigamos na luta!