RESOLUÇÃO POLÍTICA DA EXECUTIVA NACIONAL DA UP – julho de 2025

25 de julho de 2025

Vivemos um momento de crise do capitalismo, cheio de contradições, como as guerras,
devastações do meio ambiente, exploração desumana dos trabalhadores pelo mundo, mas
também de revoltas, greves, motins e revoluções. Dessa maneira, podemos observar que:

  1. O aprofundamento da crise econômica do capitalismo leva ao acirramento das contradições interimperialistas, como demonstra o avanço da guerra sem fim na Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro de 2022; o genocídio contra o povo palestino que já fez mais de 60 mil vítimas e as agressões de Israel e EUA contra o Irã e agora a Síria. Os EUA, que sempre financiaram Israel lucrando com o massacre palestino, tiveram agora que arremessar seus próprios misseis e sofreram retaliações do Irã;
  2. Em 12 dias de bombardeios ao Irã, com a intenção de derrubar o regime do país, os EUA e Israel experimentaram uma dura reação iraniana e tiveram que recuar, aceitando um cessar-fogo, com gosto de derrota. Porém, a suspensão dos bombardeios não significa o fim do conflito, pelo contrário, é um esforço da burguesia para iludir o povo com um suposto “fim da guerra” e seguir adiante com novas ofensivas para conquistar novas fontes de matérias primas e ocupar territórios estratégicos;
  3. Vai ficando cada vez mais evidente que o imperialismo norte-americano é o principal articulador e financiador da morte de mais de 60 mil palestinos, visto que o holocausto promovido por Israel só é possível com as armas e dinheiro fornecidos pelos EUA. O plano de Trump e do imperialismo para a Palestina é anexar gaza, assassinar e expulsar todo seu povo, roubar as riquezas de petróleo e gás, assumir um território estratégico e ainda construir resorts para a grade burguesia;
  4. Muitas das armas de fabricação israelense que matam o povo palestino são exportadas para o Brasil para reforçar o genocídio do povo negro e pobre nas periferias. Ao governo brasileiro não basta reconhecer em palavras o genocídio que ocorre na Palestina, é necessário o rompimento das relações comerciais e militares com o estado fascista sionista de Israel.
  5. O fascista Donald Trump promove a guerra contra o Irã porque este país apoia a criação do Estado Palestino e é aliado da China. EUA e Israel justificam os bombardeios ao Irã dizendo que querem impedir o país de desenvolver arma nuclear, semelhante ao que fizeram para ocupar o Iraque, acusando-o de possuir armas químicas. Porém, são os EUA os maiores detentores de armamentos nucleares e pressionam seus aliados da OTAN a investirem 5% do PIB em armas de destruição em massa;
  6. A Rússia só chegará a um cessar fogo com a Ucrânia com a condição de que a parte do território atualmente ocupada seja declarado território russo. Como esta condição não é aceita pelos EUA e Ucrânia, a guerra não cessará e a Rússia continuará a ofensiva para conquistar todo o território ucraniano;
  7. Rússia e China se articulam em blocos e alianças que vão desde o BRICS, a OCX (Organização para Cooperação de Xangai) que juntos mobilizam quase a metade da população mundial e possuem poderoso arsenal atômico. Por isso, devemos compreender que as potências imperialistas ameaçam a humanidade e caminham para uma 3ª Guerra Mundial, que só poderá ser barrada por revoluções socialistas no mundo;
  8. Vai se tornando cada vez mais claro que a crise que se aprofunda levará a choques cada vez mais violentos entre as potências e seus monopólios. Os choques na diplomacia e na política, vão se traduzindo e se transformando em guerras comerciais com taxações de 50% e até 100% e avançam também para terreno militar, com uma forte corrida armamentista em curso;
  9. A taxação em 50% dos produtos do povo brasileiro que são exportados aos EUA – muito além de uma retaliação a uma aliança do Brasil com a China e ao bloco de países BRICS – é uma grande intromissão estrangeira nos assuntos internos do Brasil e representa um ataque a nossa soberania. Com essa medida, o presidente estadunidense Donald Trump quer ditar as relações internacionais do Brasil e ainda justificou suas ações declarando apoio escancarado à tentativa de golpe militar fascista de 8 de janeiro de 2023, defendendo liberdade para o fascista Jair Bolsonaro.
  10. Ações como estas são um ataque vil a soberania do nosso país. Demonstra, categoricamente, o apoio dos EUA ao golpe do 8 de janeiro, que tentou colocar em xeque a decisão do povo brasileiro nas eleições. Demonstra também que querem desestabilizar a economia brasileira para abrir espaço para novas tentativas golpistas. Mas o tiro saiu pela culatra, pelo menos no momento;
  11. De fato, o governo Lula, mesmo mantendo uma política econômica de favorecimento aos ricos, com bilionárias isenções fiscais e a manutenção de altas taxas de juros, conseguiu aproveitar a situação para fazer discursos anti-Trump e em defesa da soberania, estabilizando e aumentando sua aceitação nas pesquisas eleitorais. De fato, o povo brasileiro identificou nesse processo a necessidade de defender o Brasil e sua soberania frente aos ataques do imperialismo norte-americano. Significa que o povo brasileiro repudia e não aceita intervenção estrangeira no Brasil;
  12. Mas, a prioridade da politica fiscal do Governo Federal tem a intenção de aumentar a arrecadação em R$ 12 bilhões mantendo o Teto de Gastos, chamado agora de arcabouço fiscal. Com essa política, o governo pretende continuar pagando R$ 1,9 trilhão de juros e amortizações da dívida pública e seguir dando isenções fiscais no montante de R$ 800 bilhões ao agronegócio. Ao realizar ajustes fiscais, cortes nos orçamentos dos serviços públicos, arrocho salarial, o governo se torna cada vez mais frágil e suscetível a golpes da extrema direita. Afinal, entregaram 12 ministérios a partidos do Centrão e elegeram membros desses partidos para presidir a Câmara e o Senado, o que não impediu as duras derrotas no congresso;
  13. É importante compreendermos que o caminho da conciliação e apoio a grande burguesia, é o um caminho do fracasso, da ampliação da dependência nacional e do aumento da exploração da classe trabalhadora brasileira. Vivemos um período em que é necessário lutarmos por medidas de ruptura das cadeias com o imperialismo;
  14. . Sem uma política que rompa com os pagamentos da dívida pública, que retome as estatais que foram privatizadas, que socialize todos os recursos naturais e riquezas do país, seguiremos sendo explorados e oprimidos pelos países imperialistas. Não será se juntando com outros blocos de países capitalistas, diversificando a dependência agora travestida de “multipolarismo”, que vamos conquistar a verdadeira soberania;

    Executiva Nacional da Unidade Popular
    20 de julho de 2025