Vivemos um momento de crise do capitalismo, cheio de contradições, como as guerras,
devastações do meio ambiente, exploração desumana dos trabalhadores pelo mundo, mas
também de revoltas, greves, motins e revoluções. Dessa maneira, podemos observar que:
- O aprofundamento da crise econômica do capitalismo leva ao acirramento das contradições interimperialistas, como demonstra o avanço da guerra sem fim na Ucrânia iniciada em 24 de fevereiro de 2022; o genocídio contra o povo palestino que já fez mais de 60 mil vítimas e as agressões de Israel e EUA contra o Irã e agora a Síria. Os EUA, que sempre financiaram Israel lucrando com o massacre palestino, tiveram agora que arremessar seus próprios misseis e sofreram retaliações do Irã;
- Em 12 dias de bombardeios ao Irã, com a intenção de derrubar o regime do país, os EUA e Israel experimentaram uma dura reação iraniana e tiveram que recuar, aceitando um cessar-fogo, com gosto de derrota. Porém, a suspensão dos bombardeios não significa o fim do conflito, pelo contrário, é um esforço da burguesia para iludir o povo com um suposto “fim da guerra” e seguir adiante com novas ofensivas para conquistar novas fontes de matérias primas e ocupar territórios estratégicos;
- Vai ficando cada vez mais evidente que o imperialismo norte-americano é o principal articulador e financiador da morte de mais de 60 mil palestinos, visto que o holocausto promovido por Israel só é possível com as armas e dinheiro fornecidos pelos EUA. O plano de Trump e do imperialismo para a Palestina é anexar gaza, assassinar e expulsar todo seu povo, roubar as riquezas de petróleo e gás, assumir um território estratégico e ainda construir resorts para a grade burguesia;
- Muitas das armas de fabricação israelense que matam o povo palestino são exportadas para o Brasil para reforçar o genocídio do povo negro e pobre nas periferias. Ao governo brasileiro não basta reconhecer em palavras o genocídio que ocorre na Palestina, é necessário o rompimento das relações comerciais e militares com o estado fascista sionista de Israel.
- O fascista Donald Trump promove a guerra contra o Irã porque este país apoia a criação do Estado Palestino e é aliado da China. EUA e Israel justificam os bombardeios ao Irã dizendo que querem impedir o país de desenvolver arma nuclear, semelhante ao que fizeram para ocupar o Iraque, acusando-o de possuir armas químicas. Porém, são os EUA os maiores detentores de armamentos nucleares e pressionam seus aliados da OTAN a investirem 5% do PIB em armas de destruição em massa;
- A Rússia só chegará a um cessar fogo com a Ucrânia com a condição de que a parte do território atualmente ocupada seja declarado território russo. Como esta condição não é aceita pelos EUA e Ucrânia, a guerra não cessará e a Rússia continuará a ofensiva para conquistar todo o território ucraniano;
- Rússia e China se articulam em blocos e alianças que vão desde o BRICS, a OCX (Organização para Cooperação de Xangai) que juntos mobilizam quase a metade da população mundial e possuem poderoso arsenal atômico. Por isso, devemos compreender que as potências imperialistas ameaçam a humanidade e caminham para uma 3ª Guerra Mundial, que só poderá ser barrada por revoluções socialistas no mundo;
- Vai se tornando cada vez mais claro que a crise que se aprofunda levará a choques cada vez mais violentos entre as potências e seus monopólios. Os choques na diplomacia e na política, vão se traduzindo e se transformando em guerras comerciais com taxações de 50% e até 100% e avançam também para terreno militar, com uma forte corrida armamentista em curso;
- A taxação em 50% dos produtos do povo brasileiro que são exportados aos EUA – muito além de uma retaliação a uma aliança do Brasil com a China e ao bloco de países BRICS – é uma grande intromissão estrangeira nos assuntos internos do Brasil e representa um ataque a nossa soberania. Com essa medida, o presidente estadunidense Donald Trump quer ditar as relações internacionais do Brasil e ainda justificou suas ações declarando apoio escancarado à tentativa de golpe militar fascista de 8 de janeiro de 2023, defendendo liberdade para o fascista Jair Bolsonaro.
- Ações como estas são um ataque vil a soberania do nosso país. Demonstra, categoricamente, o apoio dos EUA ao golpe do 8 de janeiro, que tentou colocar em xeque a decisão do povo brasileiro nas eleições. Demonstra também que querem desestabilizar a economia brasileira para abrir espaço para novas tentativas golpistas. Mas o tiro saiu pela culatra, pelo menos no momento;
- De fato, o governo Lula, mesmo mantendo uma política econômica de favorecimento aos ricos, com bilionárias isenções fiscais e a manutenção de altas taxas de juros, conseguiu aproveitar a situação para fazer discursos anti-Trump e em defesa da soberania, estabilizando e aumentando sua aceitação nas pesquisas eleitorais. De fato, o povo brasileiro identificou nesse processo a necessidade de defender o Brasil e sua soberania frente aos ataques do imperialismo norte-americano. Significa que o povo brasileiro repudia e não aceita intervenção estrangeira no Brasil;
- Mas, a prioridade da politica fiscal do Governo Federal tem a intenção de aumentar a arrecadação em R$ 12 bilhões mantendo o Teto de Gastos, chamado agora de arcabouço fiscal. Com essa política, o governo pretende continuar pagando R$ 1,9 trilhão de juros e amortizações da dívida pública e seguir dando isenções fiscais no montante de R$ 800 bilhões ao agronegócio. Ao realizar ajustes fiscais, cortes nos orçamentos dos serviços públicos, arrocho salarial, o governo se torna cada vez mais frágil e suscetível a golpes da extrema direita. Afinal, entregaram 12 ministérios a partidos do Centrão e elegeram membros desses partidos para presidir a Câmara e o Senado, o que não impediu as duras derrotas no congresso;
- É importante compreendermos que o caminho da conciliação e apoio a grande burguesia, é o um caminho do fracasso, da ampliação da dependência nacional e do aumento da exploração da classe trabalhadora brasileira. Vivemos um período em que é necessário lutarmos por medidas de ruptura das cadeias com o imperialismo;
- . Sem uma política que rompa com os pagamentos da dívida pública, que retome as estatais que foram privatizadas, que socialize todos os recursos naturais e riquezas do país, seguiremos sendo explorados e oprimidos pelos países imperialistas. Não será se juntando com outros blocos de países capitalistas, diversificando a dependência agora travestida de “multipolarismo”, que vamos conquistar a verdadeira soberania;
Executiva Nacional da Unidade Popular
20 de julho de 2025