Todo apoio à luta contra o golpismo patrocinado pelo imperialismo dos Estados Unidos na Venezuela!
Desde o primeiro governo de Hugo Chávez (1999), com a Assembleia
Constituinte que criou uma nova Constituição progressista na Venezuela, o
petróleo e outros recursos estratégicos foram nacionalizados, abrindo
espaços de poder popular no país.
Apesar de manter a propriedade privada dos meios de produção como regra na
economia, ou seja, conservando o capitalismo e a dependência econômica
de outros países imperialistas – principalmente Rússia e China – elementos
progressistas, como as fábricas ocupadas, o crescimento na estatização de alguns
setores da economia, as comunas populares como espaço de poder e o
controle social das forças armadas, constituíram avanços para os
trabalhadores e o povo pobre na luta de classes que se desenvolve no país.
Outra mudança importante, implementada por Chavéz, foi promover uma
formação política anti-imperialista nas forças armadas, impulsionando a
consciência política soberana dos militares, um dos fatos que faz com que a
Venezuela não retroceda ao regime anterior a 1999 e que tirou os militares das
negociatas e dos acordos com o imperialismo estadunidense.
O imperialismo, porém, nunca desistiu de retomar o controle do petróleo, dos
recursos naturais, da economia e da política venezuelana. Em 2002, enquanto
transformações positivas ao povo estavam sendo implantadas no país, alguns membros corruptos do alto comando militar, junto ao golpista Pedro Carmona,
liderança dos grandes empresários venezuelanos, orquestraram e executaram o sequestro de Chávez e tentaram um golpe militar. Entretanto, o povo organizado nos círculos bolivarianos, em aliança com militares de baixa e média patente, conseguiram impedir o golpe.
As mudanças na economia fizeram com que a pobreza caísse
vertiginosamente, mas a crise financeira capitalista, iniciada em 2008, abriu
uma nova janela de oportunidade para mais um ataque do imperialismo à Venezuela: a queda no preço do petróleo derrubou os lucros da Petróleos da Venezuela S.A (PDVSA), estatal do setor petrolífero.
Em 2014, Maria Corina Machado, que hoje lidera o movimento golpista
na Venezuela após as eleições do último 28 de julho, Leopoldo
López e outros líderes de extrema-direita iniciaram uma jornada de
manifestações, sempre apoiadas pelos Estados Unidos e União Européia, criando até a figura de um suposto presidente interino, para derrubar o governo. Barack Obama deu início a um bloqueio econômico contra o povo venezuelano e as primeiras sanções começaram em março de 2015.
De fato, o bloqueio econômico é o principal responsável pela piora das
condições de vida dos venezuelanos neste período, mas o governo de Maduro
também cometeu erros, sendo o maior deles o não rompimento definitivo com o sistema capitalista.
Sim, há escassez de alimentos e outros produtos básicos. Embora este tenha reduzido nos últimos anos (em 2023, a economia cresceu 5%) a inflação ainda é
um problema e a carestia é a principal reclamação da classe trabalhadora, porém, este problema poderia ser resolvido se toda a economia estivesse sob
controle do povo. A Venezuela é rica em recursos naturais, conta
com mais de 20 milhões de habitantes e, portanto, tem total capacidade de construir as condições da sua autossuficiência.
Estas limitações estão na origem dos problemas da Venezuela, e Maduro até
agora não mostrou disposição em resolver a questão, expropriando de vez
a grande burguesia e construindo o verdadeiro socialismo. Ao contrário, apostaram em se unir ao bloco imperialista de oposição aos EUA, liderado pela China e Rússia, ampliando a dependência econômica dessas grandes potências.
De certo, defendemos o avanço da luta de classes em direção à construção do socialismo e da revolução proletária, e mesmo com as críticas apresentadas acima, defendemos que a vontade do povo venezuelano prevaleça, e que o governo bolivariano de Maduro é, nesta conjuntura, a melhor opção como oposição ao fascismo e o golpismo dos Estados Unidos contra a Venezuela.
Como já aconteceu outras vezes, e era de se esperar, a mídia burguesa internacional novamente tentou criar uma suposta fraude no sistema de votação da última eleição, da qual Maduro saiu vitorioso com 51,2% dos votos, inflando os interesses golpistas do imperialismo contra a soberania venezuelana.
Neste momento, o que o povo venezuelano precisa é da nossa solidariedade
contra o movimento golpista em curso. A Unidade Popular defende que o
governo do Brasil não compactue com a investida imperialista e reconheça o
resultado das eleições imediatamente.
Não se trata, portanto, de defender irrestritamente o governo Nicolás Maduro, mas de defender que a soberania e a constituição daquele país-irmão sejam
respeitadas e que o poder do seu povo prevaleça, sem agressões imperialistas
e intromissões colonialistas.
Acreditamos na força e na capacidade da classe trabalhadora venezuelana de
se organizar para lutar e superar esses problemas.
Compreendemos que apenas com uma transformação revolucionária da
Venezuela seja possível superar definitivamente estas dificuldades. Capitalismo
e imperialismo representam mais miséria, fome, repressão e dependência
econômica. Somente com um projeto revolucionário socialista profundo e efetivo
podemos acabar de vez com as ameaças fascistas e solucionar os problemas
econômicos e sociais venezuelanos.
Executiva Nacional da Unidade Popular.
03 de agosto de 2024