Em mais uma desastrosa fala que escancara o mau caratismo de todos os que compõem o governo fascista que impera atualmente no Brasil, o ministro da educação Milton Ribeiro, que discursava em um evento evangélico já que é pastor, volta a proferir ataques contra a educação em nosso país.
De forma alinhada ao bolsonarismo, disse que os governos anteriores “encheram” o país de universidades, e que a educação deveria ter seu alicerce na educação básica pois, em tese, segundo ele, o que o país tem hoje são “jovens que são analfabetos funcionais, não entendem o que leem” (O Dia, 05/10/2021). Ora, num país onde apenas 18,1% dos jovens em idade suficiente para ingresso no ensino superior encontram-se matriculados em universidades (dados da SEMESP).
Além disso, a pesquisa nacional por amostras de domicílios – PNAD do IBGE – demonstra que no segundo trimestre de 2021 apenas 14,4% da população brasileira possui o ensino superior completo, enquanto que 33,7% da população possui o ensino fundamental incompleto. Bem, o senhor ministro parece ignorar a realidade brasileira que possui um nível altíssimo de evasão escolar entre os jovens, portanto, muitos não concluem o ensino médio e sequer o ensino fundamental, como visto nos dados acima. Essa situação é um resultado da falta de políticas públicas de assistência às famílias mais pobres, maioria da nossa população, portanto os jovens precisam abandonar a escola para ajudar no sustento de suas famílias, uma realidade cada vez mais presente dado o nível absurdo de aumento do custo de vida das famílias, com o congelamento das verbas para políticas públicas para engordar o pagamento da dívida aos banqueiros e a falta de emprego que 14,1% da população brasileira enfrenta.
De fato, o que vemos é novamente um ataque ideológico a existência das universidades, pois estas é de onde provém o pensamento crítico, o terror do bolsonarismo. O pensamento reacionário, que por sua vez deseja apenas deseja a formação de mão de obra barata e descartável para um mercado cada vez menos especializado, é um retrato perfeito da burguesia subserviente ao capital estrangeiro.
Querem o acesso somente das classes ricas a universidade, de forma que a população pobre não possa desenvolver formas de ascensão da classe trabalhadora, desenvolvimento de políticas públicas, ciência e tecnologia para a melhoria da vida da maioria do nosso povo. Tem raiva de ter que dividir espaços que sempre foram destinados à burguesia com nossa população preta e pobre.
E não existe contradição entre o investimento em educação do ensino superior e educação básica, são duas áreas que se complementam. O que existe na realidade, é um corte de orçamento cada vez mais draconiano sobre a educação de forma geral em nosso país, com foco na educação superior pois como exposto a classe dominante não admite a ampliação da universidade como um espaço para toda a população. Em 11 anos, houve redução de 37%, nitidamente com essa queda acentuada a partir do golpe institucional de 2016 (dados da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior – ANDIFES), como podemos ver no gráfico abaixo.
Além disso, como aponta a ONG Todos Pela Educação, a partir de dados do próprio ministério da educação, a pasta tem sofrido seguidas reduções em seu orçamento. Explicitamente, em 2020 o ministério deixou de usar o orçamento previsto para ações do ensino básico ao fundamental, sendo este o menor gasto do ministério, gastando apenas 71%(R$32,5 bilhões) do previsto para esse segmento. Como vemos abaixo, o orçamento geral da educação no Brasil está em constante queda.
Desta forma, concluímos que o ministro desconhece a realidade da própria pasta que deveria administrar, e age somente pelo alinhamento ideológico à política neoliberal do governo Bolsonaro, que fala somente sua opinião sem embasamento algum, apenas compactuando com a política de ódio à classe trabalhadora que seguem.
Karina Albuquerque
Unidade Popular – RJ
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