Natanael Sarmento
Membro do diretório nacional da Unidade Popular
É preciso não confundir o combate das ações bélicas da burguesia imperialista em defesa da paz no interesse dos trabalhadores – posição dos comunistas – com a manipulação ideológica da burguesia e o ilusionismo humanista de “pacifistas” que dormem com os anjos na pax romana, imperial capitalista.
Nos comunistas defendemos a transformação das energias das guerras imperialistas em ações da luta revolucionária pela emancipação do proletariado, pela conquista do socialismo. Radicalmente contrários às guerras imperialistas promovidas pelos setores mais extremados da burguesia, pelos fascistas armamentistas e expansionistas, à causa do lucro do capital.
Os Impérios capitalistas estendem os tentáculos da dominação econômica, política e ideológica da burguesia monopolista e financeira sobre todos os povos e classes do mundo, na fase mais desenvolvida da exploração capitalista.
No Imperialismo, fase Superior do Capitalismo, Lenine destaca cinco características básicas do imperialismo que foram desenvolvidas e confirmadas ao longo dos séculos XX e XXI:
- A grande concentração da produção e do capital cria os monopólios que exercem papel determinante na vida econômica;
- A fusão do capital bancário com o industrial e a criação do “capital financeiro”, a “oligarquia financeira”;
- A exportação do capital financeiro supera em importância a exportação das mercadorias;
- A formação de gigantescas corporações monopolistas;
- A partilha territorial do mundo entre as potências imperialistas.
Mais desemprego e exploração do mundo do trabalho
O imperialismo da oligarquia financeira subjuga governos e avilta a soberania de Estados Nacionais dependentes. O capitalismo alcança o apogeu da exploração do mundo do trabalho, é o mais parasitário e devastador das forças produtivas. Avilta o trabalho, amplia a massa de desempregados e o “exército de reserva”, aprofunda a exploração da mais-valia, concentra mais capital. Relatório da OIT estima 220 milhões de desempregados em 2022, globalmente. No Brasil, atinge os 13,5 milhões de pessoas (IBGE).
Maior concentração de riqueza e ampliação da pobreza
O avanço das inovações tecnológicas e científicas, robótica e inteligência artificial, revolução das comunicações por satélites, saltos em todas as áreas do conhecimento e maior integração das forças produtivas dos povos da Terra, possibilitaram a produção fantástica de riquezas, jamais vista. A riqueza global cresceu 66%, nas duas décadas 80/90 e ultrapassou os quatrilhões de dólares (Banco Mundial).
Tamanha riqueza na economia planejada e distribuída socialmente daria para toda humanidade viver o “ Paraíso na Terra”, em termos de satisfação das necessidades fundamentais com moradia, alimentação, educação e saúde para os seus 7,7 bilhões de habitantes do planeta.
Contudo, o capitalismo financeiro gera mais pobreza e miséria no mundo. Há mais de 1 milhão de pessoas com fome no mundo e igual número de “refugiados”, vivendo em condições de subnutrição e insegurança. A riqueza global concentra-se em poucas mãos e aprofunda as contradições e desigualdades entre países e pessoas, pobres e ricos.
Os bilionários, 0,01% da população mundial abocanham 38% do PIB global.
Os burgueses, 10% dos ricos detém 85% da riqueza global. Na pandemia ganharam 3,7 trilhões de dólares. Os 50% da população pobre do planeta ficam com 1% da renda mundial. Os dez mais ricos dobraram o patrimônio na pandemia em 2021(OXFAM). No Brasil o mapa de desigualdade é maior. Pela revista Forbes de 2019, somente 10 brasileiros acumulam a fortuna de mais de 400 bilhões. Nossa população tem 210 milhões de habitantes, 1/3 desta na linha da miséria.
Disputas imperialistas ameaçam a Paz Mundial
A busca de zonas de exploração de riquezas naturais e do lucro financeiro do capitalismo imperialista é a causa de todas as guerras do século XX e XXI.
O capital monopolista e financeiro do imperialismo busca expandir-se através de conquistas de novos mercados de exploração. O dinheiro tornou-se a mercadoria principal da circulação e do lucro, sob a dominação do capital financeiro, “ O Céu é o limite” : mais dinheiro = mais mercadorias = mais dinheiro = mais lucros capitalistas.
Nessa expansão do lucro financeiro, as potências imperialistas disputam entre si, pelo controle das “zonas de influência”, leia-se, zonas da exploração. Países menos desenvolvidos, pobres e do “terceiro mundo” dos cinco continentes.
São inúmeros os exemplos de intervenções, golpes de Estado, e uso do poderio militar imperialista para alcançar seus fins. Bombardeios e destruições de cidades, vidas humanas ceifadas. Sob pretextos vários, “afastar o perigo comunista” a “defesa do mundo livre ocidental”, a “defesa dos direitos humanos”, o imperialismo e em especial o Norte Americano é o Estado Maior do Terror Internacional, responsável pelos golpes sanguinários na América Latina, Brasil, Paraguai, Argentina, Chile, Bolívia, invasões a Cuba e Venezuela, visando assegurar interesses da “geopolíticas”, o eufemismo da violação de soberanias dos Estados e busca do lucro do capital. Promoveram guerras cruentas na Coreia, Suez, Vietnã, Afeganistão, Irã, Iraque, Líbia, Síria e a mais recente, Ucrânia.
Contradições estruturais do capitalismo, crises econômicas e guerras
O sistema econômico dos “livres produtores” privados, da anarquia da produção e da ditadura do capital financeiro e dos monopólios não tem como resolver a contradição ontológica e estrutural capitalista entre o desenvolvimento das forças produtivas e o desenvolvimento das relações de produção que são incompatíveis. Essa “esquizofrenia estrutural” resulta no aumento da produção de riquezas e aviltamento da força de trabalho com o aumento da pobreza e da miséria no mundo. As crises econômicas decorrem dessa disfunção estrutural, mas a retórica liberal procura ocultar isso com artifícios ideológicos: “crise do petróleo”, “crise imobiliária”, “crise da pandemia”, para os ciclos de maior depressão econômicas que são cíclicos desde o final do século XIX e cada vez mais frequentes.
A solução encontrada pelas burguesias monopolistas para manter as taxas de lucros do “ banquete capitalista” segue a velha cartilha colonial: ampliar a exploração dos países mais pobres e usurpar as riquezas minerais dessas nações. Nesse desiderato, o imperialismo dos EUA via CIA patrocina derrubadas de governos nacionalistas, promove atos de sabotagem e terrorismo, decretam bloqueios econômicos, contratam mercenários e terroristas, promovem invasões e criam as guerras.
Já no século XIX, na crise do capitalismo pós “revolução Industrial”, registrava-se a falência dos pequenos e médios produtores em face da concentração de capital na formação de monopólio. E esses grandes grupos econômico buscaram a expansão – “mercados externos” – para superar a depressão econômica e alcançar as metas de lucros monopolistas.
Crise econômica e rapinagem da 1ª Guerra Mundial imperialista
O processo da busca de “mercados” fora da Europa marcou a à “corrida maluca” das burguesias dos países industrializados na rapina da África, América e Ásia, movimento conhecido como neocolonialismo. Leia-se: exploração do trabalho e espoliação de matérias primas e riquezas dos países colonizados ou dependentes.
Representantes da Rússia, França, Alemanha, Inglaterra e Japão, potências imperialistas, se reuniram em 1885 na Conferência de Berlim e da forma mais cínica partilharam entre si para exploração 30 milhões de quilômetros quadrados do Continente africano.
Naquela ocasião, a diplomacia – nome do acordo de piratas governamentais – atendeu, provisoriamente, a disputa pelo butim dos impérios capitalistas.
Contudo, as burguesias imperialistas mantiveram contradições secundárias entre si e as disputas pelos territórios com minerais estratégicos e maiores possibilidades de lucro, jamais cessaram. Na esteira dessas contradições conduziram o mundo a Primeira Guerra – 1914/18, da qual calculam-se 20 milhões de mortos e igual número de feridos.
Dois grupos de interesses territoriais e econômicos distintos se formam: Tríplice Entente – Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália e Tríplice Aliança – França, Inglaterra e Império Russo. O Tratado de Versalhes do final da guerra serviu de mortalha da paz no saque mundial e imposição de sanções dos “vencedoras” sobre os vencidos: criou condições objetivas e depois, subjetivas, para o surgimento do nazismo e fascismo e a consequente eclosão da Segunda Guerra Mundial.
A posição dos Comunistas na Primeira Guerra Mundial
Marx, Engels, Lenin e Stálin, fundadores e eminentes lideranças comunistas mundiais sempre defenderam o internacionalismo proletário e combateram as guerras imperialistas das burguesias. Combateram e consideraram traição os desvios “nacionalistas” da 2ª Internacional Comunista, dos partidos operários e social democratas que declaravam apoio aos esforços de guerra das burguesias dos seus países, movidos pelo “nacionalismo” chauvinista que não atendia aos interesses dos trabalhadores, mas das classes dominantes doas nações beligerantes.
Os comunistas revolucionários combatiam as guerras de conquistas na perspectiva do proletariado internacionalista, defendiam que o proletariado aproveitasse a cisão e as contradições burguesas para avançar na luta pela revolução proletária e socialista. A contradição principal é sempre o Capital e o Trabalho, e não se deve subordinar os interesses do proletariado aos das burguesias “nacionais”. Nas guerras imperialistas o proletariado faz papel de “bucha de canhão”, para conquistas e mais lucros para a burguesia. A tarefa do partido revolucionários é lutar pela revolução do proletariado e liquidar completamente a burguesia, o capitalismo e o imperialismo. Por fim ao regime de exploração e servidão humana.
Os Bolcheviques – Comunistas Russos, seguiram essa linha revolucionária, levantando a bandeira da paz contra a guerra imperialista e promoveu a revolução contra liberais burgueses, czaristas monarquistas absolutistas, Mencheviques e reformistas, social democratas e as classe dominantes de todas as partes do mundo. Com a luta revolucionária conquistaram o poder e criaram o 1º Estado proletário e socialista da história mundial.
Crises econômicas e 2ª Guerra Mundial
As crises econômicas capitalistas passaram a ocorrer em períodos cada vez mais curtos, ademais da anarquia da produção, das disputas pelos mercados, azeitada pela quebra da hegemonia global, face a presença do novo sujeito das relações internacionais, a URSS. A economia planificada do socialismo acelerou o crescimento e o desenvolvimento material e moral da URSS. A crise da Bolsa de Nova Iorque de 1929 abalou as economias capitalistas, mundialmente. Mais uma vez, a última razão dos Reis – as guerras voltavam a aparecer ribalta do palco internacional. Desta vez com o figurino mascarado do nazismo alemão do III Reich e do fascismo italiano. O Duce Benito Mussulini invade territórios da África (Etiópia) e Hitler invade a Polônia. O dobre dos sinos dos 50 milhões de mortos, na maioria, civis, foi embalado pelas novas tecnologias bélicas e atômicas quais as bombas jogadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki pelos EUA.
Rearranjos imperialistas da 2ª Guerra
Qual o sentido de uma potência utilizar bambas atômicas numa guerra que naquela altura estava definida em favor do seu bloco? A resposta é simples: demarcar o poderio e avocar para si o protagonismo correspondente a sua força, na divisão dos espólios da guerra. Os donos do Capital são os Senhores da Guerra partilham entre si as áreas de exploração e fornecimento das matérias primas e de mão-de-obra. E o tamanho do “espólio de guerra” corresponde a correlação de forças de cada potência imperialista.
Os vencedores, representantes dos “Aliados” – EUA, URSS e Grã-Bretanha – se reuniram na Conferência de Yalta, em 1945 para a nova divisão do mundo nas “áreas de influência”. Ali, os “Três Grandes” Roosevelt pelos EUA, Churchill pelo Reino Unido e Stálin pela URSS, selam as tratativas da paz.
Grande Guerra Pátria
A Alemanha hitlerista invadiu a Ucrânia, que era parte da URSS por decisão do Congresso dos Sovietes dos Trabalhadores daquele país. E as hordas nazistas avançaram em território russo a menos de 50 quilômetros de Moscou, a capital. Por isso, os russos consideram o que chamamos de “2ª Guerra Mundial” em “guerra de autodefesa, mais usualmente, de Grande Guerra Pátria.
Josef Stálin, foi o Estadista da URSS e Marechal Comandante do Exército Vermelho, que liderou a resistência contra a invasão alemã da Rússia, defendeu a alto custo o povo e a pátria do socialismo, das hordas destrutivas imperialistas alemãs nazistas. A URSS contabilizou no final da guerra 27 milhões de mortos, maior número dentre os 26 países envolvidos, daí considerarem o conflito como a Grande Guerra Pátria.
A pátria do proletariado, embora destroçada na guerra, emergiu no cenário internacional como potência, contrapondo-se ao campo imperialista. Neste cambiava-se a geografia da hegemonia, saía das ilhas britânicas para os EUA, na América do Norte. O “novo império” mostrar-se-ia mais belicoso e terrorista que todos os anteriores. Combateu os nazistas, mas, à socapa, acolhe os “cientistas nazistas” para seus intentos bélicos e logo inicia seu trabalho de sabotagem contra os avanços da URSS e do bloco socialista. Inicia a Guerra fria com uso da espionagem, sabotagem, bloqueios, ameaças, atentados e invasões. Tudo visando se impor diante do mundo, e barrar os avanços do socialismo, caminho escolhido pelas diversas republicas do Leste Europeu, algumas da Ásia, África e América Central.
Sonho Americano ou Império do Terror e das Guerras?
Na “reconstrução” dos destroços de guerra, dos rearranjos, da distribuição dos “espólios”, a concentração de capitais é deslocada para os EUA, a nova potência mundial que passa a exercer a hegemonia imperialista. Abre-se o período da diplomacia da Guerra Fria, de espionagens, sabotagens e corrida armamentista, de invasões e guerras localizadas entre o final da guerra e 1980.
Nesse contrário do “sonho” do império do Norte, qualquer oponente dos interesses dos Estados Unidos representava o “perigo comunista soviético” na construção da narrativa de “guardião da democracia e dos direitos humanos”, pelos aparatos ideológicos e midiáticos do capitalismo. Timbrada a bipolaridade dos blocos capitalista e socialista, justificavam-se todos os assaltos e invasões de países, todos os golpes e interferências diretas dos EUA em outros países, nos inúmeros conflitos de rapinagem meramente capitalistas.
Dentre outras violações da autodeterminação dos povos e das normas do direito internacional com o patrocínio e protagonismo dos EUA, relembremos: 1947/49, invasão da Grécia e colocação de governo de extrema direita;1947, invasão da Venezuela e deposição do Presidente eleito; 1950, fuzileiros americanos ajudam a esmagar a revolução de Porto Rico; 1953 é protagonista da Guerra da Coréia, e entre 1951/ 53, com saldo de 3 milhões de mortos, para manter até hoje uma base militar perderam 33 mil vidas americanas; 1954, EUA/CIA derrubam o governo da Guatemala; 1954, tropas dos EUA lutam na Guerra pelo controle do canal de Suez no Egito; 1958, os marines invadem e decidem a guerra civil do Líbano; 1958, tropas dos EUA invadem e massacram manifestantes nacionalistas do Panamá; Em claro desrespeito a soberania de Cuba promovem e impedem a chamada crise dos mísseis balísticos, em 1962; Invadem o Vietnã na Guerra 1961/75 na qual o Império Ianque, desmoralizado, contabilizou a perda de 60 mil soldados e da guerra; 1962, intervém militarmente na guerra civil do Laos; em 1962; desembarca 30 mil homens na República Dominicana em 1965; Em 1966 invadem a Guatemala para combater o movimento revolucionário do país; 1969, voltam a invadir o Camboja; 1971 bombardeiam o Laos.
Ao contrário do “senso comum” ocidental da narrativa construída pela mídia capitalista hegemonizada pelo império Norte-Americano, nem a URSS nem os países do bloco socialista representavam as verdadeiras ameaças à paz. Os fatos desmentem as narrativas. Foram os EUA que iniciaram a corrida armamentista, os protagonistas da formação do bloco militarizado com a criação da OTAN, em 1949.
Não por acaso que os EUA desenvolvem a maior indústria bélica do mundo. Com crescente investimento na indústria militar, impulsiona o crescimento em todo planeta que alcançou absurdos 2 trilhões de dólares em 2020. O final da Guerra não levou a busca da paz, mas o armamentismo das grandes potências. Os EUA armam o maior exército global, instalam mais de 800 bases em 76 países. Elevam investimentos para os complexos industriais militares e as pesquisas aeroespaciais acenderam o sinal vermelho da temida guerra global.
Registre-se que os países socialistas apontados como ameaçadores, quando essa retórica ideológica enganava os néscios, somente criaram o Pacto Militar de Varsóvia, o contraponto do bloco militar capitalista seis anos depois da criação da OTAN. No Pacto de Varsóvia de 1955 com a URSS, Polônia, Hungria, Bulgária, Romênia, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental.
A derrocada do Socialismo no Leste Europeu legou mais guerras e conflitos imperialistas
No final dos anos 80 do século XX, o longo processo de intervenções diplomáticas, econômicas, espionagens, sabotagens, bloqueios, do abandono dos princípios e bases do socialismo, pela corrupção e pelas traições, pelos desvios dos governantes e partidos comunistas dirigentes do Leste Europeu, culminou com a derrocada das formações socialistas, sucumbindo ao poderio, ao cerco econômico e ideológico do capitalismo. Ao longo de décadas, formaram-se castas burocráticas nos partidos dirigentes, a economia dos Estados socialistas “ adequados e modernizados” para formas capitalistas cada vez mais degeneradas e corrompidas, assim, se afastando, paulatinamente, até a rendição completa ao capital, na URSS, Polônia, Hungria, Romênia, Tchecoslováquia, Alemanha Oriental, culminando na destruição do bloco socialista da Europa, em 1989/91.
O fim da URSS e do “ Bloco Socialista” em 1989, inaugura uma nova geopolítica mundial redesenhada de forma monocromática: o capital sob a hegemonia mundial dos EUA. Os desdobramentos da “nova era” foram imediatos. Incentivar o “nacionalismo” e patrocinar o “terrorismo” e ações bélicas separatistas, claramente para enfraquecer o poder de fogo da URSS que se extingue e fragmenta-se em diversos “ Estados Independentes”. A maior parte do território e do arsenal militar fica na área reconhecida como soberana da Federação Russa. Extingue-se a Aliança militar anticapitalista do Pacto de Varsóvia pela perda do objeto, pois todos os países sucumbiram ao “modelo capitalista de mercado”. A Federação Russa sob o capitalismo promove mudanças com leilão e venda do patrimônio nacional, programa de privatização de empresas estatais que passam às mãos de magnatas e mafiosos privados de outras partes do mundo.
Mas não bastava destroçar e liquidar as conquistas das revoluções proletárias naqueles países, era preciso garantir que as velhas feridas não venham a ser abertas, em face do desencanto com o Canto da Sereia Capitalista. A partir de 1991 a OTAN incorpora a Polônia e República Tcheca, em 1999 Romênia, Bulgária, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Lituânia, Letônia, em 2004 Albânia e Croácia, 2009, Montenegro e Macedônia em 2020.
Trata-se do panglossiano “melhor dos mundos”, da “primavera dos povos”, do “ fim da história”, na narrativa da burguesia imperialista colocar cabresto nos países que formavam a União Soviética, ou o bloco do Pacto de Varsóvia, na OTAN como países “independentes”, fantoches sem força alguma, sob a corrupção dos dólares imperialistas e a serviço da Aliança Militar – OTAN.
Contudo, as bases materiais desenvolvidas pelo socialismo real na URSS e a força da China com todo seu poderio econômico e militar, representam a nota dissonante do bloco ocidental capitalista: EUA/ UE e o braço armado, a OTAN. Nessa clivagem reside a centralidade das contradições primárias dos imperialismos, ficando as contradições interimperialistas secundárias as contradições entre EUA e UE e terciárias as de cada fração burguesa monopolista nacional com as demais.
Outros países fronteiriços da Rússia estão na mira da OTAN (leia-se EUA/EU) e isso representa na visão geopolítica dos capitalistas nacionalistas russos um cinturão que está sendo apertado pelo mundo ocidental em detrimento dos interesses estratégicos da Rússia.
A real intenção da Ucrânia aderir a OTAN foi a gota d’água para a invasão imperialista russa naquele país, sob as ordens de Putin, governante mesclado pelo autoritarismo czarista e poderio abusivo dos capitalistas com passagem na KGB onde recebeu sólida formação militarista e estratégica.
A possível instalação de mísseis e adesão à OTAN pela Ucrânia foi o estopim da invasão do império Russo.
Estão equivocados os setores de esquerda e mesmo ditos comunistas que tomam partido ao lado de Putin, um capitalista despótico, iludindo-se com a ideia de que se trata da restauração da URSS e de que o avanço das tropas russas são conquistas do Exército Vermelho. Não são. A URSS foi criada após a revolução proletário, no congresso Pan Russo de todos os povos, para formação do grande estado soviético proletário com 19 Repúblicas e mais de cem nações. O glorioso Exército Vermelho foi o principal responsável pela vitória dos aliados na 2ª Guerra e a derrota do nazismo hitlerista. Desapareceu com o fim da URSS. Temos na Federação Russa um Exército que é braço armado da burguesia monopolista e serve a tais interesses.
A posição histórica dos comunistas desde sempre tem sido da defesa do proletariado e da revolução socialista, do firme combate ao imperialismo e suas guerras de conquista. Portanto, não faz sentido escolher um imperialismo para “ chamar de meu”.