O capitalismo demonstra hoje, mais do que nunca, que não é capaz de impulsionar o desenvolvimento da sociedade e o avanço de uma produtividade livre de exploração. Muito pelo contrário, evidencia que as crises mundiais são exclusivamente culpa da falência de sua estrutura.
Wildally Souza – Comunicação Nacional da Unidade Popular
Nos dias 18 e 19 de novembro, o Brasil foi a sede da Cúpula do Grupo dos 20 (G20), reunindo as principais economias do mundo, incluindo os países imperialistas. O encontro, liderado pelas grandes potências do G7, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, discutiu acordos globais de cooperação, alianças financeiras e diplomáticas entre os países com o objetivo de se fortalecerem mutuamente na exploração dos trabalhadores e dos povos. Para isso, pretendem usar nossos recursos naturais como moeda de troca para salvar os capitalistas da crise que eles mesmos causam.
Composto por chefes de Estados, Ministros das Finanças e Presidentes dos Bancos Centrais, o G20 não é um órgão oficial e sua política não passa de discursos e imposições dos países dominantes contra suas colônias, semicolônias e países dependentes. Ainda assim, nos últimos anos, vem ditando uma política neoliberal avançando a exploração dos trabalhadores e de recursos naturais, diminuindo salários e aumentando o custo de vida, além das privatizações e seus interesses econômicos movidos pela especulação imobiliária e os planos de austeridade fiscal, que são desenvolvidos e aplicados aos países que vivem sob o domínio do imperialismo.
No final das contas, todos esses líderes pregam como única solução para os problemas do mundo a conciliação de classes. Por exemplo, como na ideia ilusória de democracia e países intermediários, expressa na presidência rotativa no G20, nos convites de delegações não-participantes e organismos internacionais dos países dependentes, justificados por um suposto trabalho de “governança global”. Porém, a verdadeira razão dessas participações é impor os planos imperialistas aos países subservientes
O BRASIL E A CÚPULA DO GRUPO DOS 20
Não é de hoje que os governos brasileiros têm dado cabo de uma política de acordo com os interesses dos países imperialistas. Mesmo após o povo derrotar o fascista Jair Bolsonaro nas urnas, em 2022, o presidente Lula manteve acordos que prolongam a dependência financeira do Brasil aos países dominantes, intensificando e dando continuidade na submissão do nosso povo ao avanço das políticas neoliberais.
Exemplos dessas políticas são o Arcabouço Fiscal, os cortes em setores estratégicos da sociedade, como na educação e a saúde em 2023 e 2024, a perseguição aos movimentos grevistas, além da persistência no pagamento da infinita dívida pública, que saqueia nossos recursos e nos deixa cada vez mais subordinados a economia capitalista e da dominação imperialista. Ao aceitar receber a Cúpula do G20 no Brasil, o Governo Federal intensifica a sua política de entregar o futuro da classe trabalhadora brasileira nas mãos do imperialismo.
Além disso, prevendo mobilizações contra essa reunião de exploradores para exploradores, o Governo Federal criou uma reunião paralela de movimentos sociais, o “G20 Social”, que pretende discutir um documento com propostas aos governantes dos países participantes, numa clara demonstração de silenciamento aos movimentos sociais com a ilusão de “participação de atores não-governamentais nas atividades e nos processos decisórios do G20”.
TAPETE VERMELHO PARA OS FINANCIADORES DO GENOCÍDIO NA PALESTINA
Ademais, o governo brasileiro ainda reitera sua cumplicidade no genocídio promovido por Israel na Palestina. Na manhã desta segunda-feira (18), primeiro dia do G20, na Cerimônia de Recepção ocorrida no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, um tapete vermelho foi estendido para receber os chefes de Estados genocidas como Joe Biden (Estados Unidos), Olaf Scholz (Alemanha) Giorgia Meloni (Itália), Emmanuel Macron (França) e Sergey Lavrov (representante de Putin, Rússia).
O que na sociedade representaria uma recepção pomposa e de grande solenidade, após um ano de ataques na Palestina e, mais recentemente, no Líbano, passa a representar o sangue das vítimas do genocídio e dos crimes cometidos por Israel e seus assumidos financiadores.
Não satisfeitos em distribuir as armas que assassinam o povo palestino, esses países financiam combustível e cedem tropas auxiliares para que o exército sionista continue seu massacre e expanda seu domínio no Oriente Médio. O Brasil, por sua vez, mesmo com a pressão dos movimentos sociais e partidos políticos como a Unidade Popular, se nega a romper relações com Israel e segue comprando armas e tecnologias que perseguem e matam o povo em Gaza e Beirute, para perseguir e assassinar o povo pobre nas periferias e vielas brasileiras.
Por isso que, no dia 16 de novembro, mais de 10 mil pessoas se reuniram debaixo de chuva, na Praia de Copacabana, para denunciar o genocídio do povo palestino e se solidarizar com a resistência daquele povo e dos libaneses aos ataques do imperialismo e do Estado sionista de Israel. Nosso partido esteve presente com sua militância reafirmando nosso compromisso com essa causa. Veja aqui como foi esse importante ato.
ABAIXO O IMPERIALISMO! PODER POPULAR E SOCIALISMO JÁ!
O plano imperialista é claro: expandir seu domínio por toda a face da terra, explorando cada vez mais os trabalhadores, as mulheres e a juventude. Para essa expansão, uma falsa ideia de participação dos países dependentes é criada e com isso justificam a imposição das políticas neoliberais na democracia burguesa.
No G20 em 2023, que ocorreu em Nova Deli, capital da Índia, Joe Biden, até então presidente dos Estados Unidos, já havia declarado e posto suas intenções ianques de “alargar a mesa para acolher novas vozes”, ideias também endossadas pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, que reafirmou as pretensões de uma reforma do Banco Mundial que respondesse às necessidades de rendimentos baixos e médios, solicitando que lhes sejam emprestados fundos adicionais de forma sustentável, do FMI e da OMC e investimentos em África, América Latina e Sudeste Asiático.
Essa declaração de Biden em 2023, ocorre num período e num contexto internacional em que os Estados Unidos e seus aliados ocidentais perdem posições econômicas para outras potências imperialistas — como o BRICS, onde Pequim têm vantagem particular. Enquanto isso, a Rússia e a China intensificam suas políticas, também imperialistas, e fortalecem o seu aparelho militar em alguns países da África, América Latina e Ásia.
O discurso de Biden na ONU no ano passado foi uma tentativa flagrante dos EUA de evitar o enfraquecimento e a perda de dominação sobre os países dependentes e também sobre alguns aliados imperialistas e capitalistas. No momento dessa declaração, um cenário interno norte-americano de aversão ao imperialismo e retomada da luta de classes estava tomando o país. Lembremos da greve geral dos trabalhadores da General Motors, Ford e Stellantis.
Por outro lado, o capital chinês também tenta usar esse espaço do G20 para fortalecer seu domínio sobre o comércio global e ampliar sua parcela na exportação de capitais para os países do chamado “Sul Global”, que no G20 estão representados por várias nações.
Tudo isso nos mostra a verdadeira face das democracias burguesas, o protecionismo da burguesia internacional e como a crise do capitalismo expõe as principais contradições desse sistema de morte e exploração dos povos do mundo.
O capitalismo demonstra hoje, mais do que nunca, que não é capaz de impulsionar o desenvolvimento da sociedade e o avanço de uma produtividade livre de exploração. Muito pelo contrário, evidencia que as crises mundiais são exclusivamente culpa da falência de sua estrutura. E mais, que as guerras são criadas para acentuar sua política entres os países dependentes a fim destes se tornarem novas colônias ou novos aliados de seus interesses. A competição internacional entre os amos e os senhores, os grandes burgueses, avança e tornam-se mais ferozes os ataques à classe trabalhadora e os povos oprimidos de toda a terra.
A conjuntura atual nos revela que os próximos anos serão de agravamento da crise geral do sistema imperialista-capitalista e, portanto, de exploração mais intensa. Contudo, dialeticamente, também nos mostra que a reação dos oprimidos e explorados será como nunca vista antes, e que o desenvolvimento das políticas de uma frente única proletária, massiva e de luta, anti-imperialista e antifascista, será fundamental para a construção de uma sociedade livre dos crimes da burguesia, e onde todos possam comer, trabalhar, morar e viver com dignidade. Ou seja, a construção de uma sociedade onde o poder não esteja mais nas mãos dos opressores, mas dos oprimidos, os trabalhadores, os operários e as mulheres. A sociedade socialista.
Trabalhemos para acumular e preparar forças para o desenvolvimento da luta anti-imperialista, para defender o direito das nações à autodeterminação, contra o colonialismo e para apoiar a luta da classe trabalhadora contra a dominação e expansionismo do imperialismo no mundo.
É necessário trabalhar com paciência e tenacidade, combater o sectarismo perverso, formar quadros, multiplicar e fortalecer laços com a classe trabalhadora e as massas, utilizar todas as possibilidades existentes para fortalecer as nossas posições e a organização dos trabalhadores, desenvolver a consciência da necessidade e possibilidade da revolução socialista, para construir a sociedade dos trabalhadores.