O 08 de setembro é o dia internacional da alfabetização. A data foi criada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e comemorada pela primeira vez em 1967. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-Contínua) de 2019, cerca de 11 milhões de brasileiros a partir de 15 anos são analfabetos.
Essa situação, no entanto, não é impossível de ser revertida, mas realidade em um projeto de educação popular, graças ao Método Paulo Freire, referência na pedagogia e na educação de todo o mundo e considerado o melhor modelo de alfabetizaçao de jovens e adultos. O método consiste, basicamente, em alfabetizar crianças, jovens e adultos utilizando meios do cotidiano em que se está inserido, com suas ferramentas de trabalho como objeto principal, por exemplo.
A definição de educação específica freireana é: educação é o processo constante de criação do conhecimento e de busca da transformação-reinvenção da realidade pela ação-reflexão humana. Segundo o pedagogo, há duas espécies gerais de educação: a educação dominadora e a educação libertadora. Para ele, a educação dominadora é aquela que mantém a ordem social injusta, que se nutre da morte, do desalento e da miséria.
Na Ocupação Eliana Silva em Belo Horizonte, local onde Léo Péricles, candidato a presidente do Brasil mora, o analfabetismo foi erradicado com a utilização do método freireano de educação libertadora, mostrando que os ataques dos fascistas ao nosso mestre da educação são falsos e mentirosos. Em 2013, nesta ocupação, aconteceu uma importante experiência de alfabetização popular, a partir do apoio da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conjuntamente com o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB).
A experiência contou com a formação de turmas com famílias da ocupação, entre donas de casa, pedreiros e desempregados. Destas pessoas, a maioria foi forçada a abandonar a escola por motivos econômicos, pela necessidade de trabalhar integralmente. No entanto, a partir da participação nas lutas pela moradia, retomaram a vontade de aprofundar os conhecimentos.
Com essa metodologia libertadora e popular, a apresentação do alfabeto e dos numerais se dava a partir de elementos da vida dos aprendizes, como a água, a luz, a moradia, o esgoto, os calendários, o preço dos alimentos e afins. Esse método foi responsável pela alfabetização de mais de trinta pessoas, zerando o analfabetismo na ocupação, um espaço coletivizado. Compreendendo as dimensões socioambiental, socioeconômica, política do processo alfabetizador se desenvolveu de forma muito rápida e satisfatória.
“O problema na educação brasileira não é só investimento, é concepção também. Vamos chamar o povo, as universidades, e poderemos alfabetizar 1,5 milhões de brasileiros em meses.”