ATO DO DIA 02 DE OUTUBRO DEVE SER UMA GRANDE CONTRAOFENSIVA PARA DERRUBAR BOLSONARO

13 de setembro de 2021

Bolsonaro tentou dar um golpe de estado, passar por cima do parlamento, do judiciário e das instituições e declarar-se ditador supremo do Brasil, para governar acima da constituição, das leis e da vontade popular. Não conseguiu seu intento e por isso promoveu, com seus asseclas, um recuo vergonhoso, mas momentâneo. Sua base social raivosa – o agronegócio, pastores da igreja evangélica e caminhoneiros reacionários – manteve-se praticamente intacta, Artur Lira, presidente da Câmara Federal, jogou panos quentes e o mercado se reanimou.

            Setores do capital bancário e financeiro demonstraram insatisfação com Bolsonaro apenas no ponto da instabilidade dos mercados, mas não nos enganemos, são contradições não antagônicas, pois no essencial têm unidade nas pautas econômicas. Só abandonarão o barco desse governo fascista e assassino se, e somente se, encontrarem outro porto seguro que lhes permita continuar espoliando o povo, devastando as riquezas nacionais e roubando os recursos públicos.

            Esse governo é um governo de generais e de banqueiros, que não pretendem abrir mão do poder, mas querem sim um poder maior. A estratégia de “aproximações sucessivas” continua sendo adotada. Chamamos a atenção à entrevista de Bolsonaro, logo em seguida ao 7 de setembro quando já tinha feito o recuo, na qual falou para explicar para seus apoiadores mais exaltados: “Querem imediatismo. Se você namorar e casar em uma semana, vai dar errado”, uma metáfora clara de que pretende casar com o poder, sendo esta tentativa apenas uma primeira investida.

            Por tudo isso, devemos considerar o ato do dia 02 de outubro como a verdadeira contraofensiva ao golpe e configurar-se como o início do xeque mate final ao facínora, que transformou o país em um grande cemitério. Não podemos, nem devemos depositar nossas esperanças no parlamento do “centrão” e da grande burguesia, nem no STF, pois ambos já apaziguaram os ânimos, buscando negociar e conciliar com o fascismo. Devemos fazer uma grande ofensiva com todas as nossas energias e atacar o inimigo com o poder do povo, enquanto ele ainda está acuado.

            Estrategicamente devemos ter o foco em Brasília levando caravanas de todos os lugares possíveis, direcionando forças e concentrando o máximo as nossas energias. Este ato ocorrerá logo em seguida a divulgação do relatório da CPI da COVID, o que será um fato político importante. Podemos ir ao parlamento exigir a abertura do impeachment, colocando Arthur Lira sobre as cordas e dar uma ofensiva no palácio de governo. Derrubar esse governo é a única forma de defendermos a democracia.

            É importante ressaltar que foi Bolsonaro que fez uma importante ofensiva, mesmo que tenha saído pela culatra. O que necessitamos agora é dar uma pujante contraofensiva, jogando todas as forças para derrubar esse governo. Mais do que milhares, precisamos que milhões de trabalhadores e trabalhadoras ocupem as ruas e diga em alto e bom som que lugar de fascista é na lata do lixo.

            Fazer do 2 de outubro apenas mais um ato para enfraquecer o governo e poder vencê-lo apenas em 2022, pode até parecer uma correta estratégia em um jogo de xadrez, mas é perverso e desonesto com os desempregados, desvalidos e desalentados da vida real. Enquanto Bolsonaro sangrar politicamente, o povo literalmente morrerá, seja de covid ou seja de fome, nas periferias ou nos corredores dos hospitais desse país.

            Por isso devemos travar uma imensa e fraterna luta política com os setores do movimento popular que colocam grande peso na aliança com os neoliberais. Afirmamos que esse setor não pretende derrotar o fascismo em sua pauta econômica, nem vão colocar o povo na rua ameaçando a estabilidade e pautando os direitos. Se eles quiserem ir às ruas tudo bem, a rua é pública. No entanto, não aceitaremos que tomem as nossas bandeiras, muito menos as nossas pautas, tão caras, como a punição dos torturadores e por direitos econômicos e sociais para a classe trabalhadora.

            Temos o dever e a obrigação histórica de colocar o nosso povo nas ruas organizado, consciente e determinado. Nosso centro político é o Fora Bolsonaro e a retomada dos direitos sociais, direitos estes que foram retirados por meio do golpe, que não foi principalmente contra o PT, mas pela retirada dos direitos trabalhistas e pela entrega do patrimônio público. Agora é a hora de ajustarmos as contas com os diversos matizes do neoliberalismo, seja ele fascista ou pseudo-democrata.

            Por isso devemos colocar a classe trabalhadora na vanguarda dessa luta, com suas pautas hasteadas, e assim, arrastar a reboque os setores da pequena burguesia e mesmo da burguesia. Só assim realizaremos uma grande ofensiva e derrotaremos de vez Bolsonaro e os fascistas, sem ilusão com os neoliberais, com o parlamento e o STF.             Vamos então concentrar todas as nossas forças e energias, navegando nesse mar turbulento com grande firmeza. Dar espaço ao fascismo, alegando que ele fez um recuo, não é uma opção.

Wanderson Pinheiro e Pedro Laurentino Reis Pereira, ambos dirigentes nacionais da Unidade Popular – Pelo Socialismo.