A GREVE DOS TRABALHADORES DAS MONTADORAS DOS ESTADOS UNIDOS E A FORÇA DA ORGANIZAÇÃO COLETIVA

22 de setembro de 2023
(Foto: reprodução/CNBC)

As condições e a luta da classe trabalhadora de todos os países são cada vez mais correlativas em diversos aspectos, umas das outras, e o internacionalismo proletário cresce e desenvolve-se sobre as bases da organização coletiva, tendo um só objetivo, o poder popular e o socialismo.


Executiva Nacional da Unidade Popular pelo Socialismo

Desde o dia 15 de setembro, mais de 13.200 trabalhadores do setor automobilístico estão em greve e mobilizam paralisações simultâneas por todo o Estados Unidos. A categoria reivindica aumento salarial de 40%, direito a Equipamentos de Proteção Individual (EPI), semana de trabalho de até 32 horas e melhora dos benefícios para os aposentados.

A greve foi convocada após o setor automobilístico ter negado abrir as portas de seus escritórios para os trabalhadores, que pediam uma análise e renegociação dos contratos coletivos do Sindicato dos Trabalhadores Automotivos – em tradução livre – que expiraram às 23:59 (horário do leste dos EUA) do dia 14 de setembro. O anúncio da paralisação veio duas horas antes da meia-noite através de uma live no Facebook, no qual Shawn Fain, presidente do United Auto Workers – UAW (Sindicato dos Trabalhadores Automobilísticos, em tradução livre), deu as palavras de ordem e compartilhou os alvos da greve: o Complexo e Montagem de Toledo da Stellantis em Ohio; o Centro de Montagem de Wentzville da General Motors, próximo a St Louis, no Missouri e os departamentos de montagem final e pintura na Planta de Montagem de Michigan da Ford, a oeste de Detroit. Após à meia-noite, os trabalhadores da indústria automobilística se reuniram em linhas de piquete, fechando a entrada das fábricas e fazendo discursos a favor da greve.

É importante lembrarmos que 1930, membros do UAW iniciaram uma luta que durou toda uma geração e que causou a redução significativa da desigualdade no setor da época. No início da década de 1960, as lutas e os sacrifícios dos trabalhadores sindicalizados fez com que aposentadorias e salários fossem regulados e as famílias tivessem o direito de moradia e alimentação assegurados.

Para além dos piquetes e dos atos organizados em frente às fábricas, os trabalhadores do início do século XX também apresentaram propostas em diversas frentes e assuntos do país, sobretudo na redução dos impostos e benefícios dos muitos ricos.

Os trabalhadores unificados de hoje parecem compreender, assim como seus antecessores da greve de 1937, que qualquer justiça e garantia de direitos para os trabalhadores depende de uma luta sindical unificada, combativa e que vá além de discursos bonitos e pulcros. Devemos lutar para que cada vez mais os trabalhadores do mundo todo se unam, a exemplo desses, para garantir seus direitos, que diariamente são anulados e extirpados pelo capitalismo e o imperialismo


AS GREVES SÃO A ARMA DOS TRABALHADORES 

Greve Geral em São Paulo, SP, 1917. Coleção História da Industrialização no Brasil, São Paulo, foto 208. Arquivo Edgard Leuenroth.

Face a profunda disparidade salarial que afeta diariamente a classe trabalhadora, as greves se mostram cada vez mais com a arma fundamental para garantir o direito da classe trabalhadora. Durante esse verão, nos Estados Unidos, roteiristas e atores de Hollywood organizaram sua primeira greve em quase sete décadas. O setor de hotelaria também foi parado pelos trabalhadores superexplorados do setor e quase 400.000 caminhoneiros da United Parcel Service (UPS) se organizaram em piquetes que tinham as palavras de ordem “pronto para a greve”. Outras mobilizações também foram notícia em todo o país no último período.

Não é estranho que logo nos Estados Unidos, parque econômico e industrial do mundo, essas mobilizações e agitações de trabalhadores precarizados surjam. O sistema econômico dos EUA é um sistema de morte, que escraviza a classe trabalhadora até sua última gota de sangue. A garantia dos benefícios para os muitos ricos, dos capitalistas e dos grandes proprietários de terras, proprietários dos meios de produção, dependem e têm sua essência na prisão dos trabalhadores como escravos assalariados, na transformação da força de trabalho em mercadoria e da exploração baseada na mais-valia. Não há outro jeito nem outro método, que se mostre infalível para solucionar os problemas da classe trabalhadora que não seja a organização coletiva dos operários e amplas massas do nosso povo.

O capitalismo se instala nas partes mais remotas e inimagináveis do mundo para escravizar e impor seu sistema de morte, mas também desenvolve as condições, os fatores e mostra as contradições que forçam os trabalhadores de diferente nações, etnias, culturas, gêneros, raças e religiões, se unirem para além de suas fronteiras. As condições e a luta da classe trabalhadora de todos os países são cada vez mais correlativas em diversos aspectos, umas das outras, e o internacionalismo proletário cresce e desenvolve-se sobre as bases da organização coletiva, tendo um só objetivo, o poder popular e o socialismo.

Cada vez mais setores dos trabalhadores e dos operários tomam consciência da realidade social que vivemos e se vêem nos crescentes números de fome, desemprego, pobreza e exploração. À medida que cresce sua consciência das realidades sociais, aumentam o número de greves, manifestações, e organizações daqueles que exigem uma mudança no sistema de dominação capitalista.

Aqui no Brasil, a Unidade Popular se propõe a ser essa organização antifascista, anticapitalista, das amplas massas que se indignam com esse póderio capitalista dos 1% mais ricos do nosso planeta. Reitera o internacionalismo proletário que unifica os explorados na luta pelo socialismo. Que se coloca à frente das fileiras anti-imperialistas, defendendo os interesses da classe trabalhadora rumo à uma profunda transformação social. 
A nós cabe, todos os dias, avançar na luta pela união das massas de trabalhadores e operários, a fim de construir uma sociedade melhor, livre da exploração e da escravidão que nós impõe a burguesia imperialista. Por fim, devemos ser os primeiros a defender e organizar a ascensão das mobilizações dos trabalhadores e dos movimentos dos povos oprimidos do Brasil e do mundo.

AVANTE, CAMARADAS!
PELO PODER POPULAR E PELO SOCIALISMO!