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A LUTA CONTRA AS PRIVATIZAÇÕES É UMA LUTA ANTIFASCISTA

por unidadepopular

  19 de Dezembro de 2023

As privatizações atendem unicamente aos desejos de uma pequena elite financeira pela acumulação do capital financeiro, pela exploração da classe trabalhadora e sua alienação, além da espoliação dos setores ativos públicos. O sistema capitalista usa desse projeto para beneficiar as classes dominantes em detrimento da vida digna da população trabalhadora, das mulheres, da comunidade LGBTIA+, da periferia e da juventude negra

Wildally Souza – Comunicação Nacional da Unidade Popular


O avanço da ganância capitalista tem feito com que cada vez restem menos empresas estatais no Brasil e, com as que restam, funcionando com o mínimo de sua capacidade. As  privatizações estão constantemente ameaçando os serviços públicos do nosso país, sucateando-os, apenas para atenderem aos interesses e a usura da burguesia fascista. 

Os principais argumentos usados pelos fascistas para avançar as privatizações – ou a “desestatização” (alienação de um serviço público para o setor privado) se mostram comprovadamente mentirosos e não condizem com a realidade. O primeiro é o aumento da eficiência e melhoria, porém não temos um só fato de que esse argumento é verdadeiro, pelo contrário, todos os processos de privatização no Brasil nos mostram que o serviço piorou descomunalmente, chegando inclusive a matar centenas de famílias e deixar outras milhares sem ter o que comer e onde morar. Um caso que expressa bem essa realidade é a Vale, em Minas Gerais. A empresa foi entregue para a iniciativa privada em 1977 e de lá pra cá inúmeras denúncias e tragédias foram registradas por moradores e trabalhadores do entorno onde a Vale está situada. Após a privatização da Vale, a degradação do meio ambiente e a exploração dos trabalhadores foi tamanha que resultou nas tragédias do rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG), que deixou 19 mortos e um mar de lama que devastou o Rio Doce. Lembremos ainda da tragédia em Brumadinho (MG) que é considerada o 2º maior desastre industrial do século, deixando 270 pessoas mortas e despejando milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração na bacia do Rio Paraopeba. Esses crimes, ainda sem punição, são exemplos claros das consequências em se buscar lucro máximo acima de qualquer coisa, incluindo o meio ambiente e a vida da população brasileira.


Vale lembrar também o exemplo da telefonia brasileira. Diversos foram os argumentos para justificar as privatizações, mas a realidade é que entre 1998 e 2023, o aumento das tarifas telefônicas foi 30% acima da inflação – entre 2012 e 2022 os ajustes chegaram em quase 23%. As reclamações no Procon também são constantes e vão desde valores absurdos em uma ligação até golpes nos consumidores.

As privatizações afetam toda a população e também está diretamente ligada à fome. Para garantir o lucro é preciso também reduzir os custos e a solução do setor privado é colocar o trabalhador na rua. Dados mostram que empresas como Vale do Rio Doce, Telebrás, Embraer e até os aeroportos de Guarulhos e Brasília reduziram em mais de 20% seu quadro de funcionários, incidindo na menor qualidade de serviço e riscos constantes de segurança para os trabalhadores e usuários. Os trabalhadores, sem seus empregos, não têm outra opção a não ser a terceirização. Não é um mero acaso ou um fato à toa, é um projeto calculado pelos patrões para contratar mão de obra por um valor miserável, sem nenhuma diminuição na carga do trabalho – em muitos casos, justamente o oposto.

Os privatistas usam ainda a cartada financeira para passar seus projetos fascistas e dizem que as estatais não geram lucros. Piada! De acordo com Nota Técnica do Dieese, entre 2002 e 2016 as estatais brasileiras tiveram um lucro líquido de R$808,6 bilhões, e mesmo com os ataques fascistas do Bolsonaro e suas tentativas diárias de tirar uso social dessas ferramentas, somente entre 2021 e o final de 2022 o lucro foi de R$1.249,8 TRI. E mesmo com todo esse processo de privatização feita principalmente nos anos 90, a dívida pública brasileira só aumentou, se tornando um problema interno central, que somada à recessão –  a queda do produto interno bruto (PIB) – são usadas como justificativas válidas para o quadro de dificuldade em solidificar a gestão financeira do país.

Sendo as privatizações partes de um projeto fascista de engorda as, já recheadas de zeros, contas bancárias da burguesia, a luta contra as privatizações também é um luta antifascista.

Para entregar a preço de banana e justificar essa política, primeiro os fascistas põem em prática o sucateamento das empresas públicas. Na Sabesp, por exemplo, essa política se dá com a demissão dos trabalhadores mediante PDVs (Planos de Demissões Voluntárias), arruinando o sistema de distribuição de água e aumentando as tarifas correspondentes ao serviço.

As privatizações atendem unicamente aos desejos de uma pequena elite financeira pela acumulação do capital financeiro, pela exploração da classe trabalhadora e sua alienação, além da espoliação dos setores ativos públicos. O sistema capitalista usa desse projeto para beneficiar as classes dominantes em detrimento da vida digna da população trabalhadora, das mulheres, da comunidade LGBTIA+, da periferia e da juventude negra.

A crise e as contradições do capitalismo tem colocado cada vez mais trabalhadores contra esse sistema. Como reação, o imperialismo usa do sucateamento dos serviços públicos para atacar os trabalhadores em seus direitos mais básicos com o objetivo de entregar todo o país nas mãos de especuladores financeiros, os burgueses.
Por esse motivo, a luta antifascista está ligada diretamente à luta contra as privatizações. Nesse sentido, devemos trabalhar para que os trabalhadores tenham entendimento do que acontecerá se os serviços públicos forem privatizados. Devemos, ainda, trabalhar para avançar a luta de classes em nosso país, para que a extrema-direita não nos mate de fome e para que a social-democracia não entregue nossas vidas para que a burguesia faça dela o que bem entendem. Avançar nos campos e nas periferias a consciência de nossa máxima: só o povo salva o povo. E que a força da classe operária unida, organizada e consciente de seus objetivos é poderosa.

Não podemos nos render também a tática da social-democracia, que se limita em propor reformas no capitalismo, apertar a mão da burguesia e se recusa a ouvir o movimento das amplas massas dos operários, trabalhadores e de todo o povo.

Nesse processo só existem dois lados: o da burguesia, uma minoria que existe para nos explorar, tratorar e passar por cima de nossos direitos e o lado dos explorados, que sobrevivem diariamente aos ataques dos fascistas.

Precisamos ter como uma das premissas do movimento popular e antifascista do Brasil, avançar na unidade sindical classista. Assim, com a mais ampla unidade entre forças sociais que enfrentam a dominação imperialista e a exploração do capital, poderemos barrar os projetos golpistas de privatizações e precarização dos direitos da classe trabalhadora do país. NÃO ÀS PRIVATIZAÇÕES!